27 de dez. de 2008

Viva o solo de terra roxa!!!

Tudo bem, "manhã chuvosa de dezembro" é um clichê imperdoável. Se tivesse escrito "manhã de dezembro chuvoso" já conferia um outro aspecto à questão, deixaria menos irritada a contemporaneidade exigente, sedenta por originalidade. Não que o resto da poesia esteja bom. Chamo o resto de resto porque, à primeira lida, o texto parece se configurar em torno da imagem dessa manhã de dezembro em que chovia; assim, o que não é isso seria resto, em todos os sentidos.

Porém, os mais atentos podem perceber que o mais importante mesmo é outra coisa. O mais importante é o café. Sim, o grande produto de exportação brasileiro a partir do final do século XIX até os anos 1930 é toda a problemática. E, mesmo depois dessa data, o pó pretinho continuou a ser relevante para a economia do país. Principalmente para a economia dos cafeicultores, claro. E para a dos industriais também, de certa forma, pois é da exportação do café que vem parte do capital acumulado que proporcionou a industrialização nacional.

Portanto, esqueçam meu clichê, perdoem a manhã chuvosa de dezembro. Ela é apenas uma imagem passageira, um trecho sem mais conseqüências, uma frase escapulida por cérebro viciado e executada por dedos desprovidos de crítica, que não causa grandes transtornos para um poema em que o importante, de fato, repito, é o café.


clarissa

23 de dez. de 2008

Sem título

Eu vi você falando sozinho comigo.
Com freqüência estivemos tomando café
enquanto você falava sozinho comigo.
E me importava menos o ato
do que o significado de tomarmos café
numa manhã chuvosa de dezembro,
três dezembros depois daquele dezembro,
o pior e o melhor dezembro.
Melhor porque foi como descobrir que era míope
e descobrir que as árvores têm divisões
e descobrir que é possível enxergar
detalhes do rosto das pessoas
sem estar a trinta centímetros de distância.
Pior porque foi como descobrir que era míope
e descobrir que deveria sempre andar
com óculos sobre o nariz
ou com lentes de contato que embaçam
e machucam e podem causar doenças
se não as tirarmos antes de dormir.
Decidi que não quero mais tomar café
enquanto você fala sozinho comigo.
Decidi que é melhor apenas
uma xícara de café sobre a mesa,
principalmente em dezembro,
principalmente numa manhã chuvosa de dezembro.


clarissa

4 de dez. de 2008

da série "Sonho de consumo"

Desde "Segunda-feira ao sol", de 2003 (se não me engano), esse homem habita meus sonhos. Depois de assistir a outros filmes com ele: "Carne trêmula", "Antes do anoitecer", "Mar adentro", "Onde os fracos não têm vez" e "Vicky Cristina Barcelona", conseguiu ultrapassar os meus queridos Edward Norton, Johnny Depp, Marcos Winter, Kurt Cobain e Jim Morrison (sim, até ele, minha paixão eterna), entre outros. Pois é, o negócio é sério.








"teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo

um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
pra eu brincar de novo"

(Alice Ruiz)

mrs. mojo rising