20 de fev. de 2006

Paz, pulsos, liberdade

Não sei se a história é exatamente assim. Quem pode saber? Nem os protagonistas podem, porque cada um só vê do seu ângulo aquilo que é sempre muito grande. E as palavras... Quem é que fala e ouve corretamente, no sentido de dizer aquilo que realmente quer? Interpretações, interpretações. E quem é que sabe o que realmente quer? Só sei que me chegou aos ouvidos o seguinte: Marina andava tão triste, tão triste, que cortou os pulsos numa terça-feira de carnaval.

Disseram que o motivo da tristeza era Júlia, a menina de olhos que se fechavam no sorriso. Disseram que ela não quis mais nada com Marina e que Marina não pôde resistir, que Marina só vivia pela Júlia, mas que Júlia já estava cansada e queria ir morar em Barcelona e conhecer uma catalã que soubesse usar castanholas. Disseram também - as pessoas dizem tanto! - que, certa vez, Marina deixou de ir morar em Londres só para ficar aqui com Júlia e que, agora, Júlia, ingrata, abandonava Marina por um par de peitos espanhóis.

Mas alguém disse também que Júlia era só uma menina que gostava de muitas coisas, de sonhar e de ver e de ouvir e de aprender e de sair por aí. Livre. E que não sabia que Marina gostava tanto dela e nem que deixara de ir para Londres por sua causa. Júlia talvez não soubesse que Marina sofria por não conseguir entender esse mundo e que, nela, encontrava a paz que jamais encontrara nos seus 23 anos de vida.

Não sei como tudo se deu de fato. Nem posso garantir que Marina tenha se cortado por causa de Júlia mesmo. Não pode ter sido outro motivo? Sempre pode. Também não me atrevo a julgá-las. Ninguém pode medir o tamanho da dor de quem se corta nem a dimensão do desejo de quem é verdadeiramente livre. Só posso garantir o que disse no início: Marina andava tão triste, tão triste, que cortou os pulsos numa terça-feria de carnaval.


clarissa

4 comentários:

Anônimo disse...

Pelo menos teve uma morte linda! aquela história de cortar os pulsos te inspirou?

Anônimo disse...

que coisa linda, clarissa!

uaaaau! fiquei chapado, muito bonito mesmo!

te amo muito, ouviu?

beijo do teu preto!

Anônimo disse...

Adorei. ;)

Anônimo disse...

Pois é, Anônimo, você me inspirou. :)

Também te amo, Paulinho, mesmo você sendo um desnaturado sem tempo pra mim!!! :)

Fábio, o bom filho a casa torna!!!

Beijos.