7 de ago. de 2006

Carta

Às vezes vejo sua cara suja atrás dos postes. Olho para o chão e vejo seus pés deformados dentro de um sapato horrível. Agora posso enxergar sua alma, e ela é a mais feia que já passou por mim.

Ontem comi um pastel que se chamava amor. Engraçado, não é? Eu achei. Amor. Chocolate, morango e castanhas.

Às vezes lembro de tudo e dói agudo por aqui. Bem aqui, forte. Ficou uma cicatriz enorme, muito maior que a da barriga. Quem me dera mil cicatrizes pelo corpo. Acho que as marcas internas latejam para sempre.

Anteontem tive um pesadelo com você.

Às vezes penso que fiquei fechada para certas coisas. As coisinhas bobas de cartas apaixonadas, andar de mãos dadas, fazer planos. Não consigo mais isso, por mais que goste de outras pessoas - e eu gosto, gosto muito de algumas outras pessoas, talvez até haja uma em especial. Mas, por esquecimento ou precaução, deixo para lá.

Semana passada eu senti um medo desgraçado.

Às vezes eu olho para trás. Recaída. Fico triste, como agora, tão triste que chego a chorar e a ficar piegas e a escrever textos ruins como este (não, não é charminho, estou achando ruim mesmo, mas e daí? Necessidade, necessidade, necessidade!!!). Na maior parte do tempo, consigo seguir em frente e não pensar em tudo o que ainda me faz mal, mas às vezes... Às vezes eu olho para trás e fico assim, como estou agora. Fico mesmo assim, triste. Triste-triste-triste. É uma dor bem aqui, sabe? Acho que não. Não, você não sabe.


clarissa

2 comentários:

Anônimo disse...

Sim, eu sei. Dói aqui - e tanto - também.

Anônimo disse...

Morango, chocolate e castanhas? Não sei, talvez pra ser amor mesmo devesse ter pelo menos uma gotinha de limão, não sei. E seria assim mesmo como é com o amor, pra viver ele inteiro, você provaria de tudo, até do azedo. Dizem que tudo passa, eu não acredito. Pra mim as coisas não passam, elas mudam. Talvez eu devesse escrever outras coisas, mas prefiro escrever o que acredito. Enquanto você não mastiga sorridente e engole todo o limão ele permanece assim, todo na boca.

Tá vendo, parece que não tem faltado álcool por aqui. :))

Ah, sim. Não é porque não tem ninguém no seu quarto à noite que você está sozinha, ok? Beijão.

Ass. outro quase anônimo. hahahaha.