21 de ago. de 2006

Coelho Neto

Estive no passado hoje,
a caminhar com medo
por entre os adultos,
a fugir das outras crianças
e dos cachorros.

Adolescente,
vergonha de pôr o biquíni,
de conversar.
Trio óculos-espinha-aparelho.

A casa continua igual,
enorme,
ou fui eu que não cresci?

Finjo melhor agora segurança,
saber o que quero.
Restaram marcas do trio,
mas ganhei um ar de certeza
difícil, luta diária.

Agora me escondo justamente
quando falo e falo e falo
sem parar.
Quando ponho o biquíni
e solto fumaça.
Quando tomo pílulas
e giz.
Quando forço esquecer
e sorrio.
Quando falo de mim
com empolgação.
Quando seguro o choro
na sua frente.

Aprendi a camuflar medo
e vergonha.
Dor, frustração.
Rejeição.
Aprendi a não entender
e deixar por isso mesmo.

Aprendi a amar em silêncio,
a dormir triste e
a acordar cansada.


mrs. mojo rising

6 comentários:

Anônimo disse...

Fez um revival e percebeu as diferenças, é? Isso é estranho.
Excelentes comparações. E na verdade parecemos sempre nos esconder, de alguma forma, de alguém. Camuflagem total. Gostei muito!

Anônimo disse...

Não entendi.

Antes camuflava medo e vergonha com silêncio e agora aprendeu a camuflá-los? Não entendi. Não entendi.

Mas talvez concorde, se a sra. disser de novo de outro jeito.

Beijo.

Anônimo disse...

Adorei! Meio repetitivo isso de dizer que adorei, mas fazer o quê? Adorei mesmo e ponto.

Acredita que, quando li o primeiro dos três últimos versos, pensei exatamente nos versos seguintes?!? Sinistro. hahahahaha

Beijão, Malu!

Anônimo disse...

Oi, Fellow!!! :)

Não, Iuri, você entendeu errado: não está escrito que antes camuflava algo. Ao contrário: antes não camuflava nada. Agora sim. A idéia é justamente essa: antes a personagem não lutava contra o medo e a vergonha, e sim escancarava-o, quando, por exemplo, ficava em silêncio ou afastada das pessoas ou não vestia um biquíni. Agora, não. Agora ela fala e faz e ri e tal e coisa. Agora, sim, ela camufla. Quem acha que tem medo uma pessoa que fala e faz e ri e tal e coisa? Entendeu? :)

(Explicar poesia é pior do que explicar piada, hein. Putz. hahaha)

Beijos.

Anônimo disse...

Virou adivinha, é, Fábio? Ou eu que fui meio óbvia? :)

Beijos.

Anônimo disse...

Não foi nada óbvia. Gostei muito, mesmo. Não sei bem como foi isso, mas acho que talvez fosse um final necessário. Sei lá.
Ah..., se eu estivesse virando adivinho jogava na sena e vivia de brisa... ;)