Certa vez havia um vulto. Ela mesma era um fazia tempo. Seguiu-o pela curiosidade, único movimento que nos dá sentido. A razão dizia algo ao estômago, mas o cérebro teimoso mandava ordem de continuar. Desejo em lugar de sobrevivência, justificativa para o cansaço eterno, a chatice dos dias e a incerteza da existência de deus. Chegou a uma porta onde o vulto entrara e uma placa avisava: “sete reais”. Entrou com o estômago nas mãos. Mas sete reais não pagam nem uma sessão de cinema.
Moravam distante A mãe dizia “A gente se esconde” Palavra de mãe é lei quando se tem menos de dez anos Por isso não respondeu a pergunta da professora “Desculpa, tia, mas não posso dizer onde moro”
"lembro-me perfeitamente
de maria cristina a dizer
era uma osga"
(adília lopes)
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"a única coisa a fazer é tocar um tango argentino"
(manuel bandeira)