13 de mai. de 2011

O último beijo brincou na minha memória por muito tempo, mas não por saudade. O "nunca mais" sempre me intrigou, especialmente por ser raro reconhecer o seu início. Foi um beijo bobo, sem língua, nos veríamos no dia seguinte. Um beijinho de despedida, o tempo suficiente para que o motorista do carro detrás não desancasse a buzina. Passei para o banco da frente, o taxista seguiu, bocejei enquanto admirava suas grossas panturrilhas caminhando pela rua dos quebra-molas. Nem uma sombra de suposição cobria meu amor, pelo contrário: meu sexto sentido me desarmava constantemente. Embora dolorosa, a imagem desse fim completamente ignorado, e de minha percepção ingênua sobre certos aspectos da vida amorosa, me vinha tão e cada vez mais bonita, que passei a ficar contente por fazer parte dela.