27 de dez. de 2008

Viva o solo de terra roxa!!!

Tudo bem, "manhã chuvosa de dezembro" é um clichê imperdoável. Se tivesse escrito "manhã de dezembro chuvoso" já conferia um outro aspecto à questão, deixaria menos irritada a contemporaneidade exigente, sedenta por originalidade. Não que o resto da poesia esteja bom. Chamo o resto de resto porque, à primeira lida, o texto parece se configurar em torno da imagem dessa manhã de dezembro em que chovia; assim, o que não é isso seria resto, em todos os sentidos.

Porém, os mais atentos podem perceber que o mais importante mesmo é outra coisa. O mais importante é o café. Sim, o grande produto de exportação brasileiro a partir do final do século XIX até os anos 1930 é toda a problemática. E, mesmo depois dessa data, o pó pretinho continuou a ser relevante para a economia do país. Principalmente para a economia dos cafeicultores, claro. E para a dos industriais também, de certa forma, pois é da exportação do café que vem parte do capital acumulado que proporcionou a industrialização nacional.

Portanto, esqueçam meu clichê, perdoem a manhã chuvosa de dezembro. Ela é apenas uma imagem passageira, um trecho sem mais conseqüências, uma frase escapulida por cérebro viciado e executada por dedos desprovidos de crítica, que não causa grandes transtornos para um poema em que o importante, de fato, repito, é o café.


clarissa

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