24 de fev. de 2006

Sobre agora

De perto era aquilo
O contrário do que deve ser
Uma palavra
Um sorriso
E raiva daquele que não pára
Que só passa
Que interrompe
Tempo errado
Vi teus olhos num sinal de trânsito
Não pude atravessar a rua
Um mundo ao contrário
Somos daqui?
Te vi dormindo
Estive no teu sonho como nuvem
Teus olhos mudaram de cor
Ainda assim, não pude atravessar
Desejo de voar
Sair daqui
Sair
Sair
Sair
Ouvi tua voz
Susto
Não sou perfeita
Tive medo
Tenho medo
Tenho a coragem de dizer que tenho medo
E, no entanto, estou bem
Mesmo que o impulso me transforme
Num trapezista sem rede
Num carro sem freio
Num doente sem remédio
Num balão sem gás
Numa esquina deserta e escura
Num avião sem asas
Num pássaro diante de um gato
Estou bem
Estou bem
Estou bem
A química ainda corre pelo meu corpo
Não sinto sede
Não sinto fome
Não sinto cansaço
Não sinto sono
Não te sinto mais
Não te vejo mais
Não me tenho mais
Tremo e trinco os dentes
A química pelo meu corpo
A cabeça que não sossega
Penso da forma que é de pensar em algo bom
Tua risada
Teu cabelo
Tua blusa branca
Tua tatuagem
Tua fama de mau
E se não for o que não tiver de ser
E se for como é para ser
Ou como não é para ser
E se amanhã for um dia chuvoso, feio e cinza
E se não acontecer de novo
E se nunca mais eu vir teus olhos num sinal de trânsito
E se eu não for mais nuvem no teu sonho
Nem louca
Nem medrosa
Nem impulsiva
E se, então, for outra coisa qualquer
Ainda assim terá valor
Valor de lembrança boa
De ar-condicionado em dia quente
De cigarros trocados
De músicas dançadas
De mãos e bocas e o subjetivo
Valor de tempo que não pára quando a vida está [perfeita
Valor que me faz saber que vou morrer de saudade


mrs. mojo rising

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