13 de set. de 2006

Em Porto Alegre - Parte II

Andei uns quinze minutos pela rua desconhecida. Não fazia idéia de onde estava. Ninguém fazia. Idéia de onde eu estava. Saí de casa depois de meu amigo, que fora trabalhar. Não por acaso. Não, nada desse papo "não há coincidência, tudo tem um motivo, o destino, o universo e blábláblá". Quero dizer que eu quis, conscientemente, cair naquela rua desconhecida e movimentada da cidade para mim desconhecida e bela. Meti-me por entre as pessoas que andavam de um lado para o outro, pelos camelôs, trombei num senhor que me disse um palavrão. Olhei para o céu e me senti livre, mas foi estranho. Entendi que liberdade tem a ver com esquecimento, ausência, fuga. Ninguém sabia onde eu estava, nem eu mesma. Sabia o nome da rua, da cidade, do estado, do país, mas, bah (irresistível), isso não é saber onde se está, certo? Claro que sim. Eu não sabia para que lado ficava a casa do meu amigo, por exemplo. Para onde ficava minha casa, tão distante? Não sabia. Isso é a liberdade. É isso. Não é possível ser livre quando as pessoas que sabem quem você é sabem onde o encontrar.

Mas de repente eu avistei um prédio já meu conhecido: o Mercado Público. E de repente de novo, alguns segundos depois, o meu amigo passou do meu lado. Eu o chamei, diabos, eu poderia ter simplesmente continuado a andar, porque ele não tinha me visto. Mas eu o chamei. E descobri que minha impulsividade é maior do que meu desejo de ser livre.


clarissa (claro, como não?)

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei.
Saudade!
Bjs,
Fellow

Anônimo disse...

Também estou com saudades, gatinho.

Beijos.